quarta-feira, 25 de abril de 2012

Cura Coletiva: História, Expiação e Redenção

Se fizermos um pequeno esforço, podemos modestamente entrever através da História do Mundo os laços eternos que ligam todas as gerações nos surtos evolutivos do planeta. Apesar de muitas vezes o palco e o cenário das civilizações terem sido profundamente modificados, nós atores continuamos os mesmos, caminhando, vagarosamente, nas lutas purificadoras em sucessivas encarnações curativas, para a Perfeição Divina.
Nos primórdios da Humanidade, o Homem foi naturalmente conduzido às atividades exteriores, desbravando o caminho da natureza para a solução de seus problemas vitais. Porém, um pouco mais adiante no tempo, foi proclamada a sua maioridade espiritual através dos Sábios da Grécia e das organizações romanas. Nessa época, a vinda do Cristo ao planeta assinalaria o maior acontecimento para o mundo, uma vez que seu Evangelho seria a eterna mensagem do Céu que ligaria a Terra ao reino luminoso de Jesus, na hipótese de que o Homem pudesse assimilar sua espiritualidade através dos ensinamentos divinos, e dessa forma curar-se-ia paulatinamente edificando o Bem em si.
Porém, a pureza dos ensinamentos de Cristo não conseguiu manter-se intacta. No decorrer dos três séculos seguintes à lição santificante de Jesus, o assédio das trevas domina o coração e a mente dos homens. Surgem a falsidade e a má-fé adaptando-se convenientemente aos poderes políticos, religiosos e econômicos do mundo, distorcendo todos os princípios cristãos ao favorecer as doutrinas de violência legalizada. Inutilmente, foram então enviados do Alto os emissários e discípulos mais queridos do Mestre Jesus ao ambiente das lutas terrenas, na vã tentativa de tentar reverter este doloroso espetáculo de horror. Quando não foram trucidados pelas multidões delinquentes ou pelos carrascos das consciências, foram obrigados a render-se diante da ignorância humana.
Revendo os quadros da História do mundo, sentimos um frio cortante neste crepúsculo doloroso da civilização ocidental. A história da humanidade nos alude basicamente a dois tipos característicos de homens: os heróis ou evoluídos, e os maldosos ou involuídos, ambos com os seus consequentes prêmios ou castigos. Porém não sabemos exatamente o que acontece com os milhões de homens que vêm, vivem, passam pela Terra e não deixam marcas. Homens cujas vidas se diluíram em meio à vida das multidões. Homens que, com seu trabalho e dedicação, deram aos heróis condições de realizar seus grandes feitos. Homens que com sua sagacidade e vilania proporcionaram aos grandes vilões a semeadura das maiores desgraças humanas. Homens que vieram e viveram pressionados pela sociedade ou foram praticamente escravizados pelos mais sagazes. Porém, durante estes milhões de anos em busca da Cura evolutiva, a raça humana ainda não exercitou o bem viver, com exceção de uns poucos.
Desde essa época, o progresso espiritual da humanidade ficou estacionado, e até mesmo sofreu uma regressão. Tornou-se incompatível a evolução espiritual com os meios encontrados pelo homem físico para aquisição do conhecimento. É por esse motivo que, ao lado dos maiores avanços científicos e tecnológicos, como a internet, que liga todos os continentes e países da atualidade, e que deveria servir como indicador para os imperativos das leis da solidariedade humana, vemos o conceito de "civilização" insultado por todos os princípios patriotas de isolamento, enquanto os povos e as religiões se preparam para o extermínio e para a destruição.
Em nome do Evangelho, se cometeram e ainda são praticados todos os absurdos nos países ditos cristãos. Na verdade, a civilização ocidental não chegou a se cristianizar. Na França tivemos a guilhotina, a forca na Inglaterra, o Nazismo na Alemanha, as fogueiras na Inquisição Europeia, e ainda hoje a cadeira elétrica na América da “fraternidade” e da “concórdia”. Isto para nos referirmos tão-somente às nações supercivilizadas do planeta. Em nome do Evangelho padres abençoaram os canhões e as metralhadoras da conquista. Em nome de Deus, milhares foram torturados e morreram nas fogueiras da Inquisição Espanhola. Em nome de Cristo espalharam-se, nestes vinte séculos, todas as discórdias e todas as amarguras do mundo, através de religiões que se propagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e do domínio.
                Porém, chegará o tempo em que todos os valores humanos deverão ser reajustados, infelizmente através de dolorosas expiações coletivas, como as recentes tragédias climáticas que se espalham pelo mundo: os constantes terremotos, tornados e inundações por todos os cantos do planeta, que obrigarão o Homem a se redimir perante o Divino, apontando seus verdadeiros caminhos. A dor se incumbirá do trabalho que os homens não aceitaram por amor, pois a Lei Divina prega que todas as realizações humanas deverão ser conduzidas para o Bem da Humanidade, e o homem ainda está muito aquém deste ideal. Todo o orbe planetário deverá ser regenerado, curado pelo sofrimento, higienizado para que as futuras gerações possam se estabelecer em formas de vida mais depuradas. A cura coletiva se fará pela dor, onde todo o Mal - cujas forças derradeiras ainda operam no inconsciente coletivo e individual de cada um de nós, habitantes do plano Terra - será compelido a abandonar a sua derradeira posição de domínio nos ambientes terrestres. Ditadores, exércitos, hegemonias econômicas, massas versáteis e inconscientes, guerras inglórias, organizações seculares, tudo isso passará como a vertigem de um pesadelo, pois a vitória dos involuídos, através da força e da violência, é como uma claridade de fogos de artifício.
Trabalhemos pela Cura do Mundo, ainda que a nossa oficina esteja localizada no deserto de nossas consciências. Todos somos dos chamados ao grande labor da depuração moral, e o nosso mais sublime dever é responder aos apelos evolutivos de nosso próprio espírito, desenvolvendo em nós o Amor, para benefício do Todo.




Cristina Lessa Cereja
Baseado na Obra de Emmanuel “A Caminho da Luz”

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