Deus colocou à
nossa disposição, ao alcance de nossas cogitações, a permanente possibilidade
da transformação. Assim, quando quisermos, no momento em que desejarmos,
poderemos livremente optar pela melhor atitude, pelo melhor sentimento, pela
conduta mais harmonizada com os mecanismos invisíveis que regem o fenômeno da
existência.
A
possibilidade contínua de transformação é uma grande benção, capaz de
retroceder o nosso passo em falso e nossos erros. Fomos criados com a
potencialidade de cultivarmos a nós mesmos. Isso significa que colhemos da vida
exatamente aquilo que semeamos. Nem mais, nem menos. Por isso podemos nos
tornar grandiosos, muito maiores e mais felizes do que somos agora! Porém, isso
depende de que nossa vontade se renda à possibilidade transformadora do momento
presente, caso contrário, mais uma vez, permaneceremos na sombra da inércia
existencial, nesse entediante e permanente constrangimento ao bom senso.
Como
incomparável mão benevolente, estendida pela Misericórdia Divina, essa
possibilidade de transformação nos aguarda, um pouco adiante, pairando soberana
sobre nossa mente e coração, como se existisse uma certa pré-disposição do
nosso ser, um convite permanente para a ascensão e para a glória de nossos
desejos humanos.
Portanto,
torna-se necessário que passemos a refletir e a decifrar com sinceridade o que
somos agora, vislumbrando aquilo que poderemos nos tornar amanhã. A
transformação da nossa natureza interna
requer a liberdade necessária que somente nós mesmos podemos nos conceder.
Somente assim, despojados do traje gasto de nossas convicções enraizadas,
vestiremos a túnica luminosa do renascimento interior, pois teremos dado o
passo resoluto, com a firme certeza de que, em todos os instantes, saberemos
colher a renovação.
Assim, à
medida em que convivemos com a alegria da presença divina, na intimidade mais
profunda de nosso ser, devemos nos aplicar em aprender a compartilhar essa
alegria com aqueles necessitados de valores mais sublimes, pois eles também
partilham aquisições, na única jornada do aprendizado evolutivo. Se hoje nosso
entendimento da verdade alcança um vislumbre maior, ainda ontem tateávamos nas
trevas do egoísmo, da pobreza e da ignorância espiritual. Todo coração é terra
fértil a ser cultivada no momento devido.
Se hoje já
conseguimos olhar para dentro de nós mesmos, à procura do "tesouro
oculto", é porque as falsas luzes do superficialismo já não mais
satisfazem nossos anseios. Portanto, façamos esforço para que nossas melhores
aquisições passem, agora, a serem creditadas na conta de nossa alma. Cientes
das possibilidades interiores, lembremos que nossos passos andarão vacilantes
durante todo o tempo incontável em que percorreremos o caminho do verdadeiro
amor. Lembremos de que os verbos saber e ser são sinônimos. Também o são
aprender e ensinar, praticar e servir.
Na luta pela
predominância interna da luz sobre nossa sombra, devemos aprender a cultivar o
dom de recomeçar. A queda, embora deva ser deliberadamente evitada, é o véu
negro dos nossos dias sombrios durante nossa passagem sobre a Terra. E queda é
toda oportunidade perdida de expressar através de pensamentos, palavras e
obras, o amor aos semelhantes. No entanto, ao caírmos, devemos aprender a nos
reerguer acima dos nossos próprios enganos. A justiça divina infinitamente nos
apresentará inusitadas oportunidades para restituirmos o mal por nós cometido,
e também para empreendermos o bem não realizado. Todo o êxito estará sempre em
nossa perspicácia em saber distinguir e aproveitar as oportunidades de
compensação e recomeço.
E antes que o mal lance suas raízes no coração do nosso
irmão, face às expressões de nossas limitações de tolerância e compreensão, não
hesitemos em pedir-lhe perdão. Ainda que possamos obter como resposta o
doloroso revide à nossa falta cometida, não temamos assumir nossa natureza
falível, natural a todo ser humano, porém, continuemos reafirmando, com humildade,
nosso convite ao entendimento, porque Deus certamente se encarregará do resto. Ante
qualquer ofensa recebida, perdoa! Perdoar é afirmar nossa íntima disposição em
compartilhar os sublimes ideais do Mestre, que agora passam a ser também os
nossos...
Vitória e
queda são duas estações onde estagiaremos transitoriamente durante a grande
jornada para a iluminação de nosso ser. Aprenda a recomeçar! Na tristeza de sua
queda ou na alegria de seu triunfo, Deus estára sempre contigo!
Amorosamente
Cristina L. Cereja